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MARCO NUNES – ENTREVISTA

Posted by fivetorock em junho 23, 2010

Que o Brasil possui uma cena metal cada vez maior e com bandas de qualidade, ninguém duvida. Com o aumento do profissionalismo dos músicos, há também uma ainda lenta, porém gradativa evolução em todos os aspectos que envolvem a produção artística dos grupos. Nesse âmbito, a produção especializada de álbuns está entre os primeiros e mais importantes. Se nos anos 1980 as bandas tinham que se virar com o técnico de áudio de plantão nos estúdios, hoje a coisa já é diferente. A escolha de um produtor que saiba o que o grupo quer e como conseguir isso é, sem dúvida, de suma importância para qualquer artista que tenha alguma pretensão além de registrar suas músicas para mostrar aos amigos. O gaúcho radicado em São Paulo Marco Nunes é um dos nomes atuantes nesse quesito. O produtor, que já trabalhou com grupos como Chaosfear e, mais recentemente, com uma das lendas do metal nacional, o Genocídio, nos revela um pouco dessa profissão:


1- O Brasil, hoje, já conta com equipamentos de primeira linha, semelhantes aos encontrados nos EUA e Europa, mas ainda estamos um pouco abaixo do que é produzido por lá. O fato de europeus e americanos possuírem um know-how que vem de gerações influi nisso? Na sua opinião, em quanto tempo estaremos aptos a fazer trabalhos que se igualem aos produzidos lá fora? Acredita que falta muito para alcançarmos esse know-how?

Sim, realmente acredito que influencie, afinal, europeus e americanos inventaram o rock e o som pesado, então é até natural que isso ocorra. E em se tratando de som pesado, somente mais recentemente apareceram técnicos no Brasil, que além do domínio do equipamento de gravação também dominassem a estética do estilo. Também acredito que não falta muito para alcançarmos o nível dos técnicos de fora, mas o maior problema é que enquanto nós não desenvolvermos uma estilo próprio, estaremos sempre um passo atrás deles.

Marco Nunes: "acredito que não falta muito para alcançarmos o nível dos técnicos de fora"

2 – Você recentemente trabalhou na produção de The Clan, novo álbum do veterano grupo de metal Genocídio. Como foi trabalhar nesse disco?

Cansativo! (risos) Agora falando sério, foi uma experiência pra lá de desafiadora. O Genocídio é uma banda que já tem uma história de muitos anos e muitos discos. No entanto, achava que eles não tinham gravado ainda um disco que tivesse uma gravação e uma produção à altura de sua importância. Quando me propus a gravá-los, falei que queria fazer um disco que fosse realmente divisor de águas na carreira da banda. Esse pensamento norteou meu trabalho até o final do processo. Dei muita atenção à performance dos músicos, até o ponto de fazê-los quererem me matar! O Gilberto Bressan, que co-produziu comigo a parte de guitarras, especialmente os solos, também contribuiu muito nesse aspecto. Mas, no final, todos nós sobrevivemos e o resultado você pode conferir agora. (N. de R.: o álbum já está disponível pela Mutilation Records).

3- Como você fez para implementar suas ideias sem descaracterizar uma banda com tantos anos de história, como é o caso do Genocídio?
Bem, foi realmente um trabalho difícil. O que acontece muito aqui no Brasil é que a figura do produtor e do engenheiro de som se confundem muito. No metal, isso é ainda mais gritante. Geralmente, a banda entra em estúdio com as músicas estruturadas e toda e qualquer sugestão é olhada com apreensão pelo grupo e com o Genocídio não foi diferente. E o fato da banda já ser conhecida e ter muitos discos dificultou um pouco mais esse processo. No entanto, à medida que o trabalho avançava e o resultado aparecia, todos fomos nos entendendo melhor e as opiniões foram sendo consideradas.
Como todo produtor, tenho uma forma de trabalho específica e uma sonoridade particular. Por exemplo, não sou adepto a encher a gravação de guitarras-base. Geralmente, uma guitarra para cada lado. Também não costumo saturar muito no drive, o que é um desespero para as bandas! (risos) O peso não vem do nível de drive das guitarras e sim da pegada que os músicos imprimem à composição. Tentamos fazer um disco de padrão internacional, porém com uma sonoridade própria.

Nunes e Genocídio em estúdio


4- O Brasil teve um boom de bandas de heavy metal em meados dos anos 1980, principalmente após a primeira edição do Rock In Rio. Entretanto, ainda que o número de bandas do estilo no País não pare de crescer, existem pouquíssimos nomes quando pensamos em produção. Qual a razão disso? O que é preciso fazer para que cresça o número de pessoas interessadas na produção de discos de heavy metal no Brasil?

Boa pergunta. Acho que daqui para frente teremos mais procura pelo trabalho de produtor, pois as pessoas estão começando a perceber a importância de uma pessoa de fora estruturando uma composição. Uma coisa que percebo muito quando sou contratado é que os músicos me trazem referencias para mixes que são guiadas mais pela afetividade do músico com o disco que pela qualidade técnica em si. Explico: certo artista me procurou dizendo que queria uma mix igual a um disco que ele havia me trazido. Acontece que o disco era uma lástima em termos de mixagem, mas o cliente tinha um vínculo emocional com o som. Foi quando comecei a perceber que o aspecto produção era tão importante quanto uma boa mix. Afinal, não adianta ter um puta disco bem gravado com músicas medíocres! É como passar chantilly no cocô, ele nunca vai se tornar bolo de chocolate!
A partir desta consciência, acredito que o mercado vá se expandir, como já acontece em outros estilos, como o pop, por exemplo.

Crédito: Liety Pucca

5- Muitos músicos de heavy metal no Brasil acabam assinando eles mesmos a produção de seus discos. Isso se dá ao fato de poucos darem a importância necessária a esse aspecto ou mais pela escassez de produtores no País qualificados para realizarem esse trabalho?

Sim, poucos dão importância ao produtor, basicamente por dois motivos principais: o fato do papel de produtor se confundir com o de engenheiro de áudio e, geralmente, o músico de metal não curte outros estilos musicais, onde o produtor tem importância fundamental no processo. O rock e o pop são celeiros de excelentes produtores. Gosto muito do Quincy Jones (Michel Jackson), Alan Parson (Pink Floyd), Jack Joseph Puig (John Mayer), Oliver Leiber (The Corrs), Marius de Vrie (Björk). No metal, meus preferidos são Scott Humphrey (Rob Zombie), Bob Rock (Metallica, Motley Crue), Peter Tagtgren (Hypocrisy) Terry Date (Deftones) e Ross Robinson (Korn). No Brasil, temos inúmeros profissionais qualificados para produção e acredito que, em breve, teremos uma maior procura pelo trabalho de produtor pelas bandas de metal!

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GENOCÍDIO – ENTREVISTA

Posted by fivetorock em agosto 1, 2009

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Qualquer banda que consiga se manter ativa por 22 anos merece reverência. Ainda mais se essa banda for do Brasil. Como qualquer formação de metal do mundo, o Genocídio enfrentou altos e baixos, mudanças de line-up e até um acidente que fez com W. Perna, seu membro fundador, perdesse parte do dedo polegar da mão direita. Tal fato o obrigou a trocar a guitarra pelo baixo. Porém, nada disso parece suficiente para segurá-los. Prestes a soltar seu novo álbum de estúdio, intitulado The Clan, o grupo que lançou clássicos definitivos do metal nacional, como Depression e Hoctaedron, aparenta não mostrar sinais de fraqueza, como comprova o hoje baixista W. Perna na entrevista abaixo:

1 – Como foi sua adaptação da guitarra para o baixo e qual influência esse fato teve no som do Genocídio?

W. Perna: Para ser sincero, a adaptação maior foi reaprender a segurar a palheta (risos). Sempre gostei de tocar baixo e até cheguei a criar algumas melodias de baixo nas músicas antigas do Genocídio.

W. Perna

W. Perna

2 – O novo álbum, The Clan, está previsto para sair este ano (2009). Como você o define musicalmente? Quais as principais diferenças que The Clan terá em relação ao Rebellion (último álbum de estúdio da banda)?

W. Perna: Cada disco do Genocídio tem uma história, tem seu momento, como o Rebellion teve o dele e agora o The Clan terá o seu. Trabalhar no DVD Probations (ao vivo, lançado em 2008) foi muito gratificante. Escolher as músicas, reviver épocas por meio dos vídeos, fotos e todo material que tínhamos arquivado foi uma ótima experiência. Acho que o The Clan vai representar esse momento. Acredito que o disco surpreenderá muita gente e talvez decepcione outras. Isso é o verdadeiro Heavy Metal, estar sempre incomodando alguém!

3 – O Genocídio completa 22 anos de carreira este ano. Durante esse período, o metal sofreu diversas mudanças. Como o grupo se adaptou ao estilo de hoje e em quais aspectos a banda ainda se mantém relevante?

W.Perna: Sim, ganhamos nossa maioridade há alguns anos, mais exatamente quando gravamos o DVD (risos). Hoje, temos outra visão bem diferente de 10 anos atrás e mais ainda depois de 20 anos. Fazemos o que gostamos e sem compromisso com qualquer individuo ou instituição. As mudanças que podem ter acontecido na banda, se existiram, foram por escolha nossa, não por seguir uma tendência ou mudança.

Genocídio: originalidade mantida

Genocídio: originalidade mantida

4 – Durante todo esse tempo, você nunca montou projetos paralelos ou participou de outros grupos. O Genocídio sempre foi o suficiente para te completar como músico?

W.Perna: Primeiro preciso aprender a tocar de verdade, daí penso em talvez, um dia, tocar em outra banda (risos).

5 – O EP Genocídio saiu em 1987. Naquela época, o metal no Brasil ainda dava seus primeiros passos e havia dificuldade em se obter discos, equipamentos e instrumentos. Havia pouca informação disponível e pouco known-how. Hoje, o País está na rota das turnês dos principais grupos do gênero, há uma grande quantidade de bandas e muito mais informações disponíveis, ainda que haja uma séria crise no mercado fonográfico por conta dos downloads. Qual época você prefere e por quê?

W.Perna: Não saberia te responder, pois as duas épocas têm seu lado bom e ruim. Hoje você pode tocar ao vivo em seu site e qualquer um no mundo todo pode te ver tocar. Antes, isso era inimaginável. Porém, há esse problema da pirataria, que é um problema que poderia ter sido resolvido se fosse mesmo necessário.

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